5 de outubro de 2012

Aula de química e surdez


Ensino de Química e acessibilidade

A Libras (Língua Brasileira de Sinais) é uma língua natural usada pela maioria dos surdos do Brasil. Diferente de todos os idiomas já conhecidos, que são orais e auditivos, a libras é visual-gestual, é uma língua pronunciada pelo corpo.

A história da libras

No período de 1500 a 1855, já existiam muitos surdos no país. Nessa época, a educação era precária. Em 1855, ocorreu a vinda ao Brasil de um professor francês surdo, chamado Hurt, e, em 1887, foi fundado o primeiro Instituto Nacional de Surdos Mudos no Rio de Janeiro.
No período de 1970 a 1992, os surdos se fortalecerem e reividicaram os seus direitos. Desde aquela época, as escolas tradicionais existentes no método oral mudaram de filosofia e, até hoje, boa parte delas vêm adotando a comunicação total. 
Em 2002, foi promulgada uma lei que reconhecia a Língua Brasileira de Sinais como meio de comunicação objetiva e de utilização das comunidades surdas no Brasil. Em 2005, foi promulgado um decreto que tornou obrigatória a inserção da disciplina nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério em nível médio (curso Normal) e superior (Pedagogia, Educação Especial, Fonoaudiologia e Letras). Desde então, as instituições de ensino vêem procurando se adequar a essa lei.

Como atender a um aluno surdo na sala de aula?

O professor deve: 
- Aceitar o aluno surdo como os demais alunos; 
- Ajudar o aluno a raciocinar, não lhe dar soluçães prontas; 
- Não superproteger; 
- Não ficar de costas para o aluno, nem de lado, quando estiver falando; 
- Preparar os colegas para recebê-lo; 
- Dirigir-se ao surdo em língua de sinais; se não for possível, utilizar frase curtas, bem pronunciadas num tom normal, sem exageros; 
- Ao chamar atenção do aluno, utilizar gestos convencionais; 
- Colocar o aluno surdo nas primeiras carteiras, longe de janelas e portas, para não se distrair; 
- Utilizar todos os recursos que facilitem sua compreensão (dramatização, mímicas e materiais visuais); 
- Se utilizar vídeos, certificar se são legendados; 
- Fazer resumos do conteúdo das aulas no quadro negro e depois repassá-los em língua de sinais; 
- Incluir a família no processo educativo; 
- Cumprimentá-lo sempre que possível em língua de sinais e ou com sorriso; 
- Todos na escola (professores e funcionários) devem aprender a língua de sinais; 
- As aulas devem ser em língua de sinais; se não for possível, solicitar ajuda de intérpretes até que os professores se preparem para esse atendimento; 
- A escola deve receber assessoria de uma equipe (pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos) enviada pela Secretaria de Educação Especial do Estado; 
- A escola deve incluir no Plano Político Pedagógico estratégias de trabalho com o aluno surdo; 
- Avaliar o aluno pela mensagem e pelo conteúdo, não pela escrita; 
- Acreditar nas potencialidades do aluno.
Autoria: Andresa Vaniele Barbosa Pereira- Graduada em Letras pela Faculdade de José Bonifácio e Especialista em Educação Inclusiva para pessoas com Deficiência Auditiva pela Faculdade São Luis.

Terminologias Químicas em Libras.

A regista bimestral “Química Nova na Escola” (http://qnesc.sbq.org.br/online/) apresentou dois artigos interessantes sobre o ensino de química, a importância do interprete e o desenvolvimento de sinais específicos em Libras. Disponibilizo os links abaixo:

>> Silveira, E. Silveira e Sousa, Sinval F.  Terminologias Químicas na LiBras: A Utilização de Sinais na Aprendizagem de Alunos Surdos.

Resumo: No presente trabalho, apresentamos reflexões e apontamentos sobre a utilização de sinais referentes às terminologias químicas na língua brasileira de sinais. O trabalho revela a dificuldade dos professores de química em abordar esse conteúdo para pessoas com deficiência auditiva. Mostra ainda a relação entre intérpretes, professores e alunos surdos, bem como o processo de apropriação e utilização de alguns sinais por alunos surdos em aulas de química na cidade de Uberlândia (MG) e suas relações com os conceitos químicos.


>> Pereira, Lidiane L. S., Benite, Claudio R. M., Benite, Anna M. C. Aula de Química e Surdez: Interações Mediadas pela Visão .

Resumo: Pautados em bases sociohistóricas e culturais, apresentamos uma investigação com elementos de uma pesquisa participante que objetivou estabelecer o diálogo com a cultura surda na aula de química. Nossos resultados permitiram fazer uma proposição, tendo em vista redirecionar a prática pedagógica e admitindo a visão como alicerce da ação mediada.

Referências:

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