13 de outubro de 2012

A História das Histórias em Quadrinhos e sua utilização como recurso didático

Atualmente as histórias em quadrinhos representam mundialmente um veículo de comunicação de massa de amplo alcance popular, mesmo havendo uma grande variedade de outros meios de comunicação e entretenimento, cada vez mais sofisticados e diversificados. Mas toda essa tecnologia não foi suficiente para conter o interesse pelos quadrinhos, que ainda atrai um grande número de leitores.
As histórias em quadrinhos tiveram um papel marcante no processo de globalização, o que as levou a alcançar um alto grau de popularidade. Mas tamanho sucesso causava a desconfiança de alguns adultos, que não acreditavam que os quadrinhos pudessem colaborar para o bom desenvolvimento cultural e moral dos novos leitores. A partir dessa desconfiança a inserção dos quadrinhos na sala de aula deparou-se com muitos obstáculos, sendo assim, este foram excluídos do ambiente escolar, vagarosamente tal ato foi amenizado, resultado de intensas lutas docentes. Para compreender melhor tal processo, precisamos saber um pouco da História dos quadrinhos e a razão da resistência a estas por parte de Pais e educadores. 

Sabemos que o homem primitivo utilizava as paredes das cavernas para registrar seus feitos e sua passagem por ali, fazendo destas um veículo de comunicação com seus contemporâneos. Nos dias atuais, em nossa infância começamos a nos comunicar por meios de desenhos e rabiscos que fazemos a partir da visão que temos do mundo, tentando transmitir nossa mensagem. Segundo um dito popular “Uma imagem fala mais que mil palavras”. Mas com o surgimento do alfabeto fonético a imagem perdeu um pouco de espaço, devido ao acesso a palavra escrita, porém esta era um privilégio das elites dominantes, o que permitiu a permanência da representação gráfica, ainda como ferramenta de comunicação por um longo período.

Devido a popularidades das histórias em quadrinhos que estavam sendo publicadas periodicamente em todo o mundo, grandes líderes laçaram mão deste modo de comunicação a seu favor, durante a Segunda Guerra Mundial, houve a criação de heróis fictícios por parte dos norte-americanos com o objetivo de atingir o público adolescente, o que resultou em um significativo aumento de tiragens aquecendo a economia naqueles anos. Esse forte apelo entre os jovens levou um médico alemão Frederic Wertham M.D. lançar uma campanha contra os quadrinhos, acusando-os de promover distúrbios de personalidade nos jovens assim como problemas psicológicos, O médico na época chegou a publicar um livro sobre o assunto chamado de “Seduction of the innocent” (A sedução dos inocentes) tal campanha ganhou tamanha proporção que tudo o que era produzido pela indústria de quadrinhos deveria ser fiscalizado com o maior rigor possível, tal campanha contra os quadrinhos ganho o âmbito mundial chegando até as terras tupiniquins, o Brasil. Aqui no Brasil foi elaborado pelos editores um Código de Ética á ser aplicado nas revistas assim como nos Estados unidos e juntamente a este código todas as revistas receberiam um selo que garantiria o bom conteúdo das histórias em quadrinhos.
Por muito pouco as histórias em quadrinhos quase foram consideradas as opositoras do processo de ensino-aprendizagem, na época qualquer professor que levasse para a sala de aula as histórias em quadrinhos como ferramenta de ensino seria considerado louco e sofreria severas críticas, a resistência ao uso dos quadrinhos perdurou por algum tempo ainda, mas hoje em dia esse cenário vem mudando cada vez mais, desde de meados do século XX, quando na Europa o resgate das histórias em quadrinhos derrubou inúmeras barreiras, provando que toda a resistência feita à utilização dos quadrinhos era infundada em especial a repressão feita por pais e educadores onde o que prevalecia era muito mais o preconceito pelo desconhecido. A partir deste momento as histórias em quadrinhos ganharam seu espaço de maneira positiva, favorecendo sua utilização nos centros de ensino como ferramenta didática.
No Brasil no ano de 1990 o Ministério da Educação, avaliou os livros didáticos que passaram a utilizar as histórias em quadrinhos como textos informativos e como atividades complementares aos alunos, incorporando definitivamente a linguagem quadrinizada aos materiais didáticos. O uso das histórias em quadrinhos já é reconhecido pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases) e pelo PCN (Parâmetros curriculares nacionais).
É comprovado em vários projetos sobre o assunto que a utilização dos quadrinhos aumenta a motivação dos estudantes em relação ao conteúdo das aulas, promovendo sua curiosidade e provocando seu senso crítico, pelo fato de utilizarem personagens popularmente conhecidos, além disso a inserção dos quadrinhos na sala de aula possibilita ao estudante diversificar seu meio de comunicação, agregando a linguagem gráfica à oral e escrita que já é normalmente utilizada por ele. Além desses pontos citados, é notado que os leitores de histórias em quadrinhos também buscam outras fontes de leitura como jornais, revistas e livros, desta maneira, percebemos que os quadrinhos faz com que muitos estudantes busquem a leitura tanto para o lazer como para os estudos, promovendo o enriquecimento do vocabulário e a capacidade de escrita, pois a linguagem utilizada é de fácil entendimento, com expressões que estão presentes no dia a dia do próprio leitor. 
Bem acho que consegui mostrar um pouco das histórias em quadrinhos e como estas podem ser nossas aliadas nas mais diferentes práticas do dia a dia, tanto docentes quanto discentes ou simplesmente pelo fato de sermos admiradores dos quadrinhos. Espero que tenha despertado em cada um e em cada uma a vontade de ler um pouco mais!! Deixo abaixo alguns sites sobre o assunto espero que gostem!!!

Sugestões de Leitura:
Deu o “tilt” no progresso científico por Bill Watterson
Manual do cientista do Franjinha/ Maurício de Sousa
http://quimilokos.blogspot.com.br/2010/08/quimica-e-quadrinhos.html
http://quimicoisas.blogspot.com.br/2011/05/quadrinhos-e-quimica.html
http://www.maquinadequadrinhos.com.br/Intro.aspx
http://quadrinhosblumenau.blogspot.com.br/2011/02/curso-historia-em-quadrinhos-como.html


Referências:
BARBOSA, A., RAMOS, P., VILELA, T.; RAMA, A., VERGUEIRO, W. (orgs.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: contexto, 2004.
ARAÚJO,G., COSTA,M., COSTA, E. As histórias em quadrinhos na educação: possibilidade de um recurso didático-pedagógico. A Margem - Estudos, Uberlândia - MG, ano 1, n. 2, p. 26-36, jul./dez. 2008.
http://www.maniadecolecionador.com.br/comics%20code.htm
http://lagartonegroblog.blogspot.com.br/


por Priscilla Cerqueira

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