A Composição Química da Cachaça.
A cachaça é uma solução contendo várias substâncias químicas. Sua composição depende da matéria prima utilizada e do modo como a produção foi conduzida. Além da água e do etanol, estão presentes álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres, ácidos carboxílicos, compostos de enxofre e outras substâncias. A figura abaixo
A cachaça é uma solução contendo várias substâncias químicas. Sua composição depende da matéria prima utilizada e do modo como a produção foi conduzida. Além da água e do etanol, estão presentes álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres, ácidos carboxílicos, compostos de enxofre e outras substâncias. A figura abaixo
mostra as fórmulas estruturais de alguns componentes majoritários presentes na bebida.
Fórmulas estruturais de alguns constituintes majoritários presentes na cachaça.
Já na Tabela a seguir podemos ter uma ideia da concentração dos constituintes citados anteriormente comparando essas concentrações de acordo com o alambique onde foram destiladas.
Um estudo comparativo de aguardentes obtidas em alambiques de cobre e de aço inox mostrou que as diferenças acentuadas nos teores de acetaldeído, ésteres e álcoois são as prováveis responsáveis pelas diferenças sensoriais entre os dois tipos de bebida. Embora exista a inconveniência de contaminação da cachaça com íons de cobre (a legislação brasileira permite até 5 mg/L de cobre na cachaça, em alguns países o limite é 2 mg/L), alguns pesquisadores considera)m importante a presença do metal nos destiladores, atribuindo-lhe o papel de catalisador na desidrogenação de álcoois a aldeídos e agindo na transformação de compostos sulfurados voláteis no destilado, cujo odor e sabor são desagradáveis (o principal composto dessa classe é o dimetilssulfeto, que é parcialmente oxidado a sulfato nos alambiques de cobre), contribuindo para as qualidades organolépticas da bebida.
Além dos compostos mencionados, uma grande variedade de espécies químicas podem estar presentes, como outros álcoois com 3 a 5 átomos de carbono e superiores, outros ácidos carboxílicos e ésteres, outros aldeídos, compostos fenólicos e partículas suspensas, íons de metais de transição, uréia, íons amônio e aminoácidos, carbamato de etila (composto cancerígeno cuja presença e controle não estão previstos na atual legislação brasileira) e outras.
A cachaça ocupa uma posição de destaque na história do Brasil que é pouco conhecida e valorizada. Inicialmente produzida através de tecnologias rústicas e saberes do povo, a cachaça é hoje objeto de pesquisa científica, inovação tecnológica e faz parte de programas de exportação do Governo Federal. Trata-se de um patrimônio cultural do povo brasileiro.
O tema pode ser aprofundado de diversas maneiras nas aulas de Química, envolvendo atividades em alambiques, indústrias, centros de pesquisa, supermercados e outros pontos de venda da bebida; análise de rótulos; ouvir/cantar músicas conhecidas; identificar denominações locais para a bebida e sua presença na literatura e na culinária brasileiras; debates sobre os efeitos benéficos e maléficos do consumo: interações entre o álcool (e outros constituintes) e o organismo humano, o prazer do bem beber (função antitristeza, antitédio e preocupações, a face festiva da refeição, a compensação da miserabilidade etc.), os limites do beber em demasia (violência, dependência, alcoolismo, acidentes etc.), preconceitos e outros significados.
Agora que você já sabe um pouquinho mais sobre esse nosso patrimônio histórico e cultural, aprecie com moderação.
Referência:
PINHEIRO, Paulo C.; LEAL, Murilo C.; ARAÚJO, Denilson A. de. Origem, Produção e Composição Química da Cachaça. Química Nova Na Escola, São Paulo, n. 18 , p.3-8, nov. 2003.
Referência:
PINHEIRO, Paulo C.; LEAL, Murilo C.; ARAÚJO, Denilson A. de. Origem, Produção e Composição Química da Cachaça. Química Nova Na Escola, São Paulo, n. 18 , p.3-8, nov. 2003.